Norma Piña, ministra presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Nação (SCJN), alertou que a democracia constitucional em todo o mundo e especialmente no nosso país atravessa momentos muito delicados e difíceis.
Durante a inauguração do XVI Congresso Ibero-Americano de Direito Constitucional, alertou para o facto de que os direitos humanos estão em risco quando o poder de qualquer espécie não pode ser contido, detido e controlado.
No auditório Héctor Fix -Zamudio, do Instituto de Pesquisas Jurídicas da UNAM, Norma Piña explicou que não porque tenha uma Constituição, um Estado é constitucional, pois seus elementos básicos são a conservação e o respeito à democracia, ao Estado de direito, a divisão de poderes, a colaboração entre eles, a independência judicial e os direitos fundamentais.
Neste contexto, afirmou que o constitucionalismo está sujeito a fortes mudanças de rumo, razão pela qual nas últimas semanas houve vários pronunciamentos sobre as implicações da reforma judicial no México, que merecem uma análise aprofundada dos seus impactos.
Por sua vez, o presidente do Instituto Ibero-Americano de Direito Constitucional e pesquisador emérito da UNAM, Diego Valadés Ríos, afirmou que “o tempo ficou nublado” e em muitas nações as instituições mostram sinais de estresse devido ao assédio a que são submetidas. estão submetidos. num contexto de pós-verdade, pós-democracia e pós-constitucionalismo.
Descreveu a pós-democracia como a utilização de instituições democráticas para concentrar o poder e não para servir a liberdade, promover a igualdade ou garantir o pluralismo; enquanto o pós-constitucionalismo, disse ele, é um sistema de aparências formais que mascara realidades opostas ao Estado constitucional.
“Segue o caminho traçado pela pós-democracia e pela pós-verdade, recorre a instrumentos democráticos para legitimar o poder concentrado e discricionário, e os órgãos de poder fingem estar separados, mas são subsumidos por uma vontade pessoal, escolhida como voz da vontade coletiva”, comentou.
A este respeito, o reitor da UNAM, Leonardo Lomelí Vanegas, afirmou que a defesa dos direitos fundamentais, o respeito pela divisão de poderes e o fortalecimento dos quadros constitucionais são imperativos para apoiar os processos de paz e de desenvolvimento.
Ele destacou que uma das maiores barreiras que enfrentamos em muitas regiões do mundo é dar continuidade a democracias inclusivas e resilientes, além de fenómenos políticos que enfraquecem as instituições democráticas.
Diante desse panorama, destacou que as universidades e os centros de pesquisa jurídica são decisivos, pois ali convergem ideias e pensamento crítico para construir soluções para os problemas mais complexos da nossa época.
“Hoje, mais do que nunca, o direito constitucional enfrenta o desafio de se adaptar às novas realidades sociais, políticas e culturais, uma vez que a globalização, as crises económicas recorrentes, a emergência climática, a disparidade de género e o vertiginoso avanço tecnológico o colocaram à prova. praticamente todos os nossos preceitos”, concluiu.